quinta-feira, 3 de janeiro de 2008


Daniel Senise, "CEM"(884-07)

Iniciar mais um ano, além do ritual de inicio de novo calendário, do recomeço de processos, significa muitas vezes também, sentir desejo de iniciar um tempo novo, uma vida nova, cortando os fios que nos ligam aos dias antes, ignorando, ingenuamente, a linearidade e sequencialidade de tudo.
O desejo não tem de estar sujeito à razão, e não está, creio, e se eu deixar de ser pragmática, apenas que seja por uma hora, talvez me permita sentir o desejo de cortar os fios, reduzi-los a cinzas e avançar, deixando atrás de mim a fogueira consumindo-se, extinguindo-se, espraiando-se em pó.
O pragmatismo também nos permite discernir, analisar, contornar obstáculos, emendar caminhos, permite-nos resgatar de uma vida de imperfeição e impossibilidades.

Poderá ser então que o desejo seja o motor que nos impele à força para caminhar e o fogo um ritual de catarse e de excreção da frustração.

Não é muito mau não ter coisa alguma, não ter para onde se vai, não ter onde chegar.
E é muito bom estar aqui e ter amanhã para viver.

3 comentários:

serotonina disse...

Sobretudo, sê bem-vinda, de novo, ao teu espaço. Já tinha saudades.
José Régio não se importava muito por não ter para onde ir ...

carpe diem disse...

É mesmo bom estar aqui e sentir isso ;)...

já nem preciso desejar um bom ano ;)...

GRAFIS disse...

serotonina
...e no entanto parece ter tido um percurso invejável, apesar do principio da caminhada ter sido difícil.
Por outro lado, sabia por onde não queria ir.

carpe diem
Não?!
Esperamos sempre que seja bom não é? Ninguém deseja que seja mau. Pelo menos melhor que o anterior.
Bom ano!