Benjamin Button...A coberto de uma falsa ilusão de envelhecimento/juventude, os sentimentos afloram à superfície da pele, à flor do peito: O ser-se.
Ser-se diferente, porque somos afinal todos diferentes, uns mais do que outros, e ainda assim tabelamo-nos todos pelo mesmo, por baixo. Fazemos esforços inimagináveis para sermos iguais, sem compreendermos que o verdadeiro mistério e riqueza das nossas vidas está na diferença e na capacidade de a entendermos, de a aceitarmos, de a absorvermos, fazermos dela parte integrante das nossas vidas. Que a maior magnificência da nossa breve existência reside na capacidade de nos compreendermos e complementarmos.
Compreendermos que os outros se olham com os seus próprios olhos, tal como nós nos olhamos com os nossos, e que é preciso que compreendamos, aceitemos, porque cada um é como é, e cada um merece respeito pelo que é, debaixo da pele, à superfície da pele, mas acima de tudo, dentro.
A diferença perece assustar-nos... a nós cabe-nos ultrapassar o medo.
Estamos todos sós. Uns saberão melhor que outros. Mas estamos. Há porém quem esteja melhor acompanhado, menos só, o suficiente para não sentir frio, para não deixar cair um véu de escuridão sobre o caminho, para que, partilhando, caminhe de mão dada, sabendo-nos ali, ao lado do outro, sabendo-os ali, ao nosso lado, e assim, noa sintamos menos assustados, sabendo-nos mais fortes, fortes o suficiente para derrubar o medo.
Todos temos/sentimos ausência. Temos vazios sem que percebamos que, muito do que nos falta reside fora, é algo vivo, e está no outro, que se abeira, que se dá, que recebemos, a quem nos entregamos, com quem partilhamos. Que o verdadeiro assombro da existência reside na capacidade de partilha, no cuidar, fazer crescer.
Um filme a fazer-nos lembrar a riqueza que está em ser-se genuíno e simples, e tão extraordinariamente puro, tão extraordinariamente compreensível e bom, e Homem, no sentido pleno de Humanidade, e não ter medo de o ser. Um filme a fazer-nos lembrar o quanto é difícil sê-lo, o quanto temos medo de sermos plenos de sentidos, e verdadeiros, e o quanto é importante ser perseverante.
Uma história de Amor, do Acreditar, do ter Fé, do cuidar, do estar incondicionalmente e fazer da vida do outro, que é nossa também, O caminho, um caminho para a felicidade, a verdadeira, que se há-de auto-alimentar. E por vezes sentimos tanto medo do amor…
Uma história a fazer-nos lembrar que temos de ser fortes e lutar contra o que nos assusta, aproveitando aquilo que nos é dado, porque talvez nada seja dado ao acaso. A querer fazer-nos recordar que aqui e agora é o tempo que nos é oferecido, para viver, e ninguém sabe como será amanhã, e que pouco mais é importante do que o agora.
Uma história sobre o auto-conhecimento, o entender-se o verdadeiro significado da vida, da nossa vida, do caminho.
O compreender-se enquanto indivíduo, a descoberto de qualquer aparência e do acessório e não ter medo de pisar o mato, o caminho, fazer o trilho, o mais certo, o que nos trouxer mais plenitude, mesmo que difícil.
Um filme sobre o ser-se Humano, sobre a importância das nossas escolhas, a lembrar-nos, permanentemente que, aquilo realmente importante somos nós, e nós somos como somos, e que somos nós que fazemos acontecer.
Um filme sobre o quão importante somos, mas apenas se medirmos a partir de nós até ao outro e do outro até nós. A lembrar que gosto de mim, que gosto de ti, que amar é uma bênção e que somos nós que decidimos o que queremos fazer com o que temos para dar, com o tempo que nos resta. Que o destino é apenas um, igual para todos, e a nós só nos é dado a escolher a forma como vamos lá chegar, que nos cabe a nós decidi-lo.
É um filme sobre tanto que eu poderia ficar aqui a escrever sobre um sem número de aspectos, sentimentos que me percorreram a derme e me fizeram rir e chorar, alternadamente, tantas vezes, de tão simples e tão puro. Mas tão extraordinariamente belo que até dói.