quarta-feira, 11 de março de 2009

Manuel Alvarez Bravo


Temos tanto e tanto medo de naufragar, de nos deixar ir, entrar dentro de uma qualquer ilusão de lugar que não é, tal é o ruído, de fazer um caminho que não tem onde chegar.
Passamos as horas a apanhar papeis. Quando chegamos ao fim do dia, sentamo-nos, de corpo vazio.
Somos altivos. Não nos tocamos. Bombeamos o sangue apenas na medida do necessário. Não deixamos os músculos ganharem força. Não libertamos. Por fim temos medo que a frieza do corpo enrijecido possa contaminar-nos, congelar o sangue e provocar-nos a morte.
Às vezes pergunto-me se não teremos já morrido.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem tem medo compra um cão.
.

Always disse...

Teremos sempre medo porque narfragar é sempre uma possibilidade. Mas navegar é que importa e ainda que não haja cartas de marear absolutamente seguras - porque existem tempestades - o mar é imenso e só morremos quando ignoramos voluntariamente aonde nos podem levar as ondas...

Um abraço

GRAFIS disse...

anónimo
e quem não tem cão caça com gato

Always
Ele há dias em que os dias nos derrubam, nos fazem fechar sobre nós próprios, perder.
As tuas palavras parecem surgir sempre quando necessárias e são sempre certas, contundentes e reconfortantes.
Navegar. É preciso, então :).

Um abraço muito grande, muito reconfortante, como as tuas palavras.