… o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele.
Marguerite Duras em “Mundo Exterior”.
...devia estar a estudar, mas não estou, porque arranjo sempre outra coisa qualquer muito mais interessante para fazer do que aquilo que devia, geralmente daquelas que muitas vezes não tenho tempo para fazer. Sabe tão bem...
Revisito espaços de outros tempos. O texto é oportuno. Sempre foi, apesar da discussão que já surgiu em torno dele, da ideia, do contexto e da estrutura, durante muito tempo. Mas quem sabe de histórias únicas, de verdadeiras primeiras histórias, sabe do inferno.
Não há antidoto. Não se exclui, expele, ignora, esquece. Faz parte de nós. Camada.
Há apenas que deixar que a história tome conta de nós e encontre o seu lugar dentro, deixar que se arrume, em lugar próximo do centro. Sedimento.
E é bem verdade que se não for pela tentativa da história única, nem vale a pena dar um passo. E ela pode ter tanto de amargo quanto pode ter de doce...
2 comentários:
Vale sempre a pena dar um passo em direcçao ao amor, mesmo quando sentimos que esse passo pode ser curto demais ou grande demais. Não concebo ausencia de amor, nudeza de amor, secura de amor, porque isso nao é viver, é sobreviver vegetar, deambular, sofrer...
Mesmo que o amor tenha um trago amargo, importa sorver até à infininta essencia, porque há sempre uma raíz doce que nos alimenta.
Um abraço forte
Vale sim, em direcção ao amor, e um passo em direcção ao amor é um passo que se dá em direcção à história única, a tentativa derradeira e definitiva. Acho que é isso o amor.
Diferente de dar um passo em direcção a nada, da motivação pura do desejo que se esvai, ou do temor à solidão, ou da incapacidade de nos encontrarmos, seja qual for o motivo que não seja amor ao outro, como uma parede sem alicerces, um telhado sem paredes. Aí, creio verdadeiramente que não vale a pena. Demasido espinhoso.
E depois, a história única que afinal não resultou tem sempre este doce-amargo do bom que nos fica, mas da ausência, da impossibilidade, do desencontro...
...está um pouco confuso. É tarde
:)
Um abraço grande.
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