segunda-feira, 12 de janeiro de 2009



O puto tinha olho azul e cabelos loiros, jeito tímido e sorriso luminoso.
Era a tranquilidade em pessoa, eficiente, reservado.
Trabalhamos várias vezes desde o verão deste ano, várias madrugadas em claro. Alguns imprevistos pelo caminho que diligentemente resolvia. Ofereceu-nos uma “festa” no Natal…

- Puto…?! Então…?!
Olhava-me então com a cabeça inclinada de lado, meio baixa, com os olhos azuis e luminosos rente à sobrancelha enquanto continuava a trabalhar, com um sorriso carinhoso como quem diz:
- Sim! Já sei! Está tudo controlado…
No final, cabeça mais erguida, mais um sorriso como quem diz:
- Então? Eu não disse que ia correr bem?! Está tudo controlado…

Na quinta-feira estivemos a trabalhar todo o dia, na sexta-feira toda a manhã.
Sábado, já noite longa, pôs termo à vida, na mata, junto ao rio… deixou uma nota à mãe a dizer onde o encontraria, morto.

Não há palavras…

-Puto?!

- Então?!

- Então puto?!

- Puto…?!



À tua memória.
Que Deus Pai Misericordioso, que tudo pode, te acolha e te dê uma segunda oportunidade, desta vez, uma mais feliz.