quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

The Red Dancer - Kees van Dongen


Procuro o lento cimo da transformação

Um som intenso. O vento na árvore fechada
A árvore parada que não vem ao meu encontro.
Chamo-a com assobios, convoco os pássaros
E amo a lenta floração dos bandos.
Procuro o cimo de um voo, um planalto
Muito extenso. E amo tanto
A árvore que abre a flor em silêncio.

Daniel Faria - Dos Liquidos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Nunca se deve deixar de reagir a uma “provocação”, embora por vezes o tenha feito. Desta vez não, e reajo ao repto da S-Kelly, da Rua do Arco-íris, que me incumbe de expor 5 manias ou tiques. Desafio difícil…
Vamos lá:

1. Mania de beber café expresso logo de manhã, antes mesmo de comer qq coisa.
2. Tomar banho e deixar a toalha molhada em cima da cama.
3. Franzir a testa, qd estou concentrada.
4. Tenho a mania da simetria, e a mania de a tentar contrariar.
5. De deixar o carro com as portas abertas (esqueço-me com frequência delas abertas, onde quer que seja).
...tirando a mania de ser teimosa, mandona e de querer fazer tudo à minha maneira.

E agora deixo o desafio a todos os que passam por aqui. Vá lá, mostrem lá essas manias e tiques.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


Tenho apenas uma certeza: a de que não fomos feitos para sermos sós, espartilhados, desprovidos de filamentos enlaçados, soltos, e nas pontas o vazio. Nada.
De que há um tempo necessário para reconciliarmos o corpo com o âmago de dentro de nós. Um tempo necessário de ausência, até ser dia de enchermos o espaço interior desabitado.
Ao largo do tempo, há-de haver um momento para recomeçar. Preencher os vazios da derme, um sopro que nos há-de impregnar, interstícios abaixo, até ao centro.
Tenho apenas uma certeza: a do pousio presente, a da ideia de sementeira, um dia.
E eu hoje tenho a certeza do infinito que tenho para dar. Ainda tenho essa certeza, mesmo depois de ter falhado, de ter perdido fé na minha grandeza, na minha capacidade e competência para dar e amar incondicionalmente, que julgava inquebrável, que afinal não foi extraordinária e inesgotável.
Uma certeza apenas: sedimentei e sei que há-de ser, outra vez, melhor e mais forte.


...pois, há muito tempo que não me apetece escrever sobre coisas sérias, ou coisas muito profundas. De certa forma, há certas alturas em que precisamos de não ser nós, nem ninguém. Nessas altura nada há a escrever, ser, opinar, porque não somos (ponto).



embala-me
resgata-me
deixa-me deitar-me nas costas suaves das ondas
e dormir…

acordar amanhã e sentir abraços


20 Fevereiro de 2007
.
Sonhei um poema feito de pedras,
pedras fluindo, fosse rio sereno,
de todos os tamanhos e matizes,
e eram duma beleza precisa:
roupa e linguagem de pedras.

Imerso no poema-pedra-rio,
o poeta – a pedra – a lapidar.
O que se via não era a pedra,
mas a poesia por dentro, além.

José Inácio Vieira de Melo em Canto de Pedra.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


E depois desta "salganhada" toda, o que me espanta é como é que podem existir pessoas para quem é impossível entender coisas tão simples como o amor entre duas pessoas (ponto) e a legitimidade que elas têm de o ver reconhecido, em pleno.


Balanço…

3 round’s

3-0

Bravo!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Não aguentei e apesar de ter dito “desta água não beberei”, roí-me da corda e pus-me a ver o Prós e Contras… amanhã trato da saúde ao texto que tenho de rever/reformular (e se eu precisava de dar ao dedo hoje).

E até agora…

2-0

Ganha a equipa da casa.
Que argumentação magnifica.
O desgraçado do padre treme que nem varas verdes, e fervilha de irritação por dentro…

Bravo Miguel! Bravo Isabel!

Vamos lá ao round 2.

domingo, 15 de fevereiro de 2009
























Acontecem manhãs assim, de luz quente, brisa fria e salgada que nos beija, céu azul e mar acalmado, serenando.
Manhãs de raios de sol que aquecem o corpo quase nú, frio, fustigado, rejuvenescido, quase tão próximo da serenidade, quase tão distante…
Inscrevo os passos na areia, perco-me nos pensamentos. Por entre as passadas que dou sem dar conta tento perceber o que possivelmente não tem ponta de razão, e nem tem de ter... acho.
Às vezes queremos fazer da vida uma equação matemática. Um caminho. Um resultado.

Mas ela não é matemática, sabemos.
As variáveis e as incertezas devoram-nos, desgastam-nos, fazem-nos desacreditar.
As manhãs devolvem-nos a Fé, tanto quanto devolvem à Terra os raios de sol.
Eu nunca duvidei que o sol existe.




Promessas é uma história de amor, hilariante, que termina com dois grandes finais felizes. Amor que resgata do destino fatídico da morte, como quem nos vai dizendo que a morte chega quando não se ama e a juventude eterna com o amor. Subterraneamente o retrato social e politico de uma Sérvia velha e corrupta, na qual se misturam valores de toda a espécie e uma certa nostalgia pelo passado transversal.
Mais uma obra fruto do todo-poderoso imaginário criativo, surrealista e alucinado de Kusturica, que do grosseiro e do feio inventa a beleza quase pura.
Muitos dirão que se trata de mais um filme Kusturica, cuja fórmula se repete filme após filme. É verdade. Nada que chegue ao Underground (para mim o melhor) ou ao O Tempo dos Ciganos. Mas há em todos eles, e este não é excepção, uma inesgotável fonte criativa e de energia, de rudeza que atrai pela surpreendente beleza, uma mensagem cultural, politica e social subterrânea, arremessada, e planos cada vez mais surpreendentes.
Mas o que mais encanta nesta história é a construção do amor, a construção da sedução e a ambiência naífe de um pequeno microcosmos onde os afectos acontecem no meio do caos, onde a paixão fervilha e caminha em apoteose surreal para um “happy end”.
Promessas, de Emir Kusturica, estreou directamente para DVD em Novembro de 2008 e é uma verdadeira delícia. A não perder!

Sinopse
Promisse Me This
Tsane vive com o avô e uma vaca, Cvetka, no topo de uma longínqua montanha. À excepção de uma vizinha professora, são os únicos habitantes da aldeia. Um dia, o avô de Tsane revela-lhe que está a morrer. Obriga Tsane a prometer ir à cidade e vender a vaca Cvetka num mercado. Com o dinheiro, deve comprar: um ícone religioso; algo que queira; e finalmente, deve encontrar uma esposa e trazê-la para casa. Na cidade, Tsane facilmente cumpre as duas primeiras promessas, mas como voltará a casa com uma esposa antes que o avô faleça? É então que conhece Jasna, que está atrasada para as aulas, para variar…

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009



Don't wanna hear, I wanna fight
'Cause this time I won't be wrong
And I can waste this precious time
Asking where do I belong
So let me know your love is real
'Cause this time you won't control
Tell me please, what do you feel
Do I have to save your soul

Choose love...

Haverá alguma outra coisa a escolher...?!
Escolhe-me a mim...


Ter um dia de cão, significa, ter um dia bicudo, com as pontas todas viradas para nós a empurrar-nos contra a parede.

Ter um dia macho, significa quase a mesma coisa, com a diferença de que, ou invés de pontas aguçadas, são punhos cerrados.
Imaginem terem um dia com as duas coisas juntas… mais uns pozinhos à mistura.
Confesso que não sei o que está a acontecer, se ao ar, se à água, ou se será a vida frustrada que certas pessoas levam, mas , os dias estão a ficar uma loucura, e certas pessoas "miudinhas" à beira da insanidade mental (que levarão, invariavelmente, os outros à loucura tb), estão! Hirra!


Bem sei que é um lince ali em cima, mas a Marta tb tem cães bicudos e ponteagudos (que eu não me importava de ter em casa, quietos, em local de destaque, só para eu apreciar sentada da minha "berger").
Ver aqui, ou aqui ou ainda aqui.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2009


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Dream on girl, Dream on girl
I want
to see you
sleep tonight...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vertical Flower, Sakurai Yasuko, 2007.


O tempo corre, como quem tem pressa de chegar a algum lado, sem que tenhamos a demora necessária para respirar, para baixar os braços e sentir. Corre como a vertigem, consome-se como uma cabeça de fósforo incendiada, um rastilho para nada.
Não é como a folha da árvore, que aguarda para se desprender, se lançar no vazio, esperando cair em chão macio. A erva daninha, que cresce.
Amanhã já tudo parece tão tarde, e tudo parece tão cedo também, e uma névoa que não me diz.
Amanhã é já dia de recomeçar, agora que me apetecia parar o tempo e repousar.

Amanhã é dia de viajar, de dar o corpo à estrada, a atenção de novo ao trabalho, concentrar os pensamentos no pragmatismo dos dias, reprograma-los, restringi-los a um colete-de-forças, colocar-lhes um freio e domar a impetuosidade com que percorrem outros caminhos.

Ele há fim de dias que nos ferem os pulmões ao respirar...

Tenho um consolo: que amanhã, depois de acordar, tudo será menos intenso, e tudo mais fácil, tudo cá dentro estará mais resignado.

…tenho uma mala para fazer, uns documentos para estudar e roupa para passar. Isto é que me está a dar a volta ao estômago. Não os desvarios que de quando em vez resolvem destabilizar-me o sistema.
Boa semana.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009




As casas habitadas são belas
se parecem ainda uma casa vazia
sem a pretensão de ocupá-las
tornam-se ténues disposições
os sinais da nossa presença:
um livro
a roupa que chegou da lavandaria
por arrumar em cima da cama
o modo como toda a tarde a luz foi
entregue ao seu silêncio

Em certos dias, nem sabemos porquê
sentimo-nos estranhamente perto
daquelas coisas que buscamos muito
e continuam, no entanto, perdidas
dentro da nossa casa


José Tolentino Mendonça