O tempo corre, como quem tem pressa de chegar a algum lado, sem que tenhamos a demora necessária para respirar, para baixar os braços e sentir. Corre como a vertigem, consome-se como uma cabeça de fósforo incendiada, um rastilho para nada.
Não é como a folha da árvore, que aguarda para se desprender, se lançar no vazio, esperando cair em chão macio. A erva daninha, que cresce.
Amanhã já tudo parece tão tarde, e tudo parece tão cedo também, e uma névoa que não me diz.
Amanhã é já dia de recomeçar, agora que me apetecia parar o tempo e repousar.
Amanhã é dia de viajar, de dar o corpo à estrada, a atenção de novo ao trabalho, concentrar os pensamentos no pragmatismo dos dias, reprograma-los, restringi-los a um colete-de-forças, colocar-lhes um freio e domar a impetuosidade com que percorrem outros caminhos.
Ele há fim de dias que nos ferem os pulmões ao respirar...
Tenho um consolo: que amanhã, depois de acordar, tudo será menos intenso, e tudo mais fácil, tudo cá dentro estará mais resignado.
…tenho uma mala para fazer, uns documentos para estudar e roupa para passar. Isto é que me está a dar a volta ao estômago. Não os desvarios que de quando em vez resolvem destabilizar-me o sistema.
Boa semana.
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