As casas habitadas são belasse parecem ainda uma casa vaziasem a pretensão de ocupá-lastornam-se ténues disposiçõesos sinais da nossa presença:um livroa roupa que chegou da lavandariapor arrumar em cima da camao modo como toda a tarde a luz foientregue ao seu silêncioEm certos dias, nem sabemos porquêsentimo-nos estranhamente pertodaquelas coisas que buscamos muitoe continuam, no entanto, perdidasdentro da nossa casa
José Tolentino Mendonça
2 comentários:
É sempre bom reler Tolentino Mendonça. Tem um jeito muito especial, um correr de palavras em que bebe muito de Ruy Belo.
Lê-lo é aproximar os nossos sentidos da realidade que nos rodeia, mas ouvi-lo é atingir uma dimensão sensorial e emotiva únicas. Um prazer que desabrocha em paixão e em vício.
Um abraço forte
Imagino que sim. Nunca tive esse prazer, o de o ouvir, mas pela escrita, dir-se-ia, entre outras coisas, que está entre o terreno e o celestial.
AB GR
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