O ideal era viver para além das paixões e dos sentimentos, na harmonia que existe na obra de arte acabada, na sua ordem encantada.
O ideal seria conseguir amar-nos intensamente, para conseguir viver fora do tempo, imperturbáveis… imperturbáveis.
La Dolce Vita, de Frederico Fellini, com Marcello Mastroianni, Anita Ekberg, Nadia Gray, Yvonne Furneaux, Anouk Aimée, Magali Noe, Alain Cluny and Lex Barker - 1960.
11 comentários:
La Dolce Vita, um filme em que as personagens abusam do prazer em busca da felicidade.
"O ideal era viver para além das paixões e dos sentimentos, na harmonia que existe na obra de arte acabada, na sua ordem encantada."
Seria ideal, não há dúvida.
...e ainda assim parece-me que nenhuma das personagens a encontrou... o que parece tb que a felicidade é um enigma, quase metafísica, quase inatingível, levando-nos a interrogarmo-nos se, de facto, existirá…
Mas há outras duas ideias que o Steiner lança antes de matar os seus filhos e de se suicidar em seguida: "a salvação não se encontra fechada em casa. A melhor vida é a miserável, porque uma existência protegida por uma sociedade organizada, onde tudo é previsível e perfeito, é uma vida oprimida e opressora do indivíduo.
Era a paz que assustava Steiner. A paz, que não passa de uma aparência, que esconde um inferno... perturbante.
E assim, de repente, parece que todos os meus alicerces começam a querer ruir…
Existe quem ache que a felicidade é fácil de atingir e constantemente estão a apregoar essa felicidade.
Outros há que se contentam com pequenos momentos de felicidade e sabem viver assim pois esses momentos são genuínos e bem desfrutados.
Eu sou como este último caso. E nunca senti a felicidade eterna. Não acredito nisso.
tenho que estar constantemente à procura de algo sempre novo, não me consigo acomodar.
eu não sei bem se me contento com esses pequenos momentos de felicidade. Umas vezes parece que sim. algumas vezes parece que há alguma coisa que falta, que não é bem aquilo. tb entendo a felicidade assim, não como algo acabado e inteiro, mas como algo que vai acontecendo, erraticamente, algo que se tem inevitavelmente de procurar, mas que por vezes vem ter connosco, como se fosse um processo criativo, de construção até à tal "obra de arte acabada", e sente-se uma felicidade crescente até ao resultado final (mas a obra acabada não existe…).
Por outro lado cada vez mais sinto que a minha não está dentro deste "modelo" que escolhi viver (ou que me escolheu) e por outro lado, tenho receio da mudança... começo a pensar que não é só pelos outros, como pensava, mas tb por mim, por tudo aquilo que tenho garantido.
Enfim... acho que falo demais :)
isto da felicidade é uma procura eterna, tento preencher-me com os pq m grds momentos acho q cabe a cada um decidir para si aquilo q é o melhor e daí o preço q por vezes se paga... m tb se aprende, dói m aprende-se e segue-se em frente... é isso!
texto excelente q colocáste é excelente!
é. uma eterna tentativa erro/tentativa sucesso e acima de tudo, como mt bem dizes, aprende-se... e mesmo que se faça jus ao provérbio "gato escaldado tem medo de água fria", haverá sempre que mergulhar de novo...
"começo a pensar que não é só pelos outros, como pensava, mas tb por mim, por tudo aquilo que tenho garantido."
já dei comigo a fazer uma interrogação deste género.
não só por aquilo que tenho garantido mas também porque aprendi a viver assim e se mudar não sei se não me irei perder. É horrível mas é verdade. Um síndrome de Estocolmo em pequena escala.
como apreciar a felicidade nos outros se não a temos primeiro em´e para nós nem a podemos sequer partilhar?
será sp uma perda sp q a formos buscar fora de nós, aliás é tudo assim! não é horrível, é a nossa estabilidade individual e essa somos nós q a vivemos dia-a-dia, não é justo nem saudável viver dependendo dos outros, é duro mas consegue-se e sabe mt bem , é como um "chegar a casa"!
bjs
(apesar do meu estado, tentarei responder da melhor forma...)
serotonina
é exactamente isso. eu tb não sei se conseguiria, embora eu tb saiba que resitência e adaptabilidade ao meio agreste são os meus primeiros nomes.
mas como alguém que conheço diria, há os corajosos e o covardes. eu devo estar entre os segundos. posto isto, pouco mais a dizer.
(mas gosot de mim na mesma :) )
rv
não se trata de dependência. trata-se de um apendice de orgãos vitais. e não. não concordo contigo quando dizes que é uma perda ir buscar a felicidade fora de nós. grande parte da minha vem de fora, da felicidade dos outros. isso não quer dizer que seja sempre assim, mas em parte é. :)
Bjs
Sempre quis ver esse filme e agora deixaste-me com mais curiosidade.
Obrigada pelas tuas palavras no meu blog. :)
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