Acordo às 10h da manhã. Preciso de um café.
Enquanto deambulo até à cozinha revejo mentalmente as coisas que tenho de fazer.
Apetece-me sair. Olho pela janela. O céu está cinzento e está a chover. Tudo está calmo. Silencioso. Café.
Tenho umas ideias para alinhavar e um documento para preparar para uma reunião amanhã.
Sim. Estou de férias, mas só dos meus trabalhos regulares. Agora arranjei mais um projecto para estruturar e concretizar, numa área a que regresso dez anos depois.
Tenho de vender a ideia amanhã. Estou entusiasmada, mas tenho de ir buscar imensa papelada. Desfiz-me em telefonemas ontem para trocar ideias e encontrar bibliografia actual. Descubro que há algo de novo a acontecer, novas ideias, novas correntes, novas linhas de investigação e agrada-me. Muita coisa já mudou, embora não se perceba nada em Portugal. Percebo que terei de me atirar ao assunto com ainda maior atenção.
Estou feliz com a possibilidade de vir a trabalhar com antigos colegas da faculdade com percursos paralelos ao meu, e perco-me naquela ideia de que as linhas paralelas, afinal, se acabam por cruzar no infinito. Talvez tenha chegado o momento do infinito, penso eu. Se tiver chegado, então, talvez tudo seja possível.
Deambulo com a chávena na mão. Ligo o computador, visito meia dúzia de páginas na internet. Nada de novo.
Olho em volta. Tenho a secretária cheia de livros, catálogos, papeis, CD's, até um colete reflector cor de laranja que me fere os olhos, uma peça que fiz há pouco tempo, as máquinas fotográficas. Tenho de descarregar os cartões. Estão cheios.
Se o tempo estivesse melhor, esta manhã iria fotografar para a praia, o mar. Sou uma gaja vulgar, como as outras, e gosto de fotografar o mar e a praia.
Apesar de aqui ao lado, de por lá passar tantas e tantas vezes, não me tenho demorado na praia. Nunca se aprecia e conhece, verdadeiramente, aquilo com que não nos demoramos, no que quer que seja. Como uma relação de amor, que exige tempo e dedicação.
Já tenho saudades da praia. De caminhar pela vastidão da linha de mar, ouvir a água a conquistar a areia, o estremecer da violência e do furor das ondas. Saudades de sentir o cheiro característico de uma das que mais gosto, do cheiro dos seus arbustos aromáticos e camarinheiras misturados com o ar marinho.
Acabo o café. Ao descarregar as fotos encontro uma. Aquela. Há sempre uma "aquela" no meio de tantas outras. Porquê? Porquê esta e não outra?
Não sei. Há coisas que não se explicam. Há coisas que nos tocam, outras a que tocamos, algumas que se inundam mutuamente, mas o mistério dos laços ficará por desvendar, acho.
Preto e branco. Esta foi fotografada para passar a claro escuro. Desde o inicio esta ideia.
Um caminho.
Deixo-a aqui.
Penso: e a música...
Hoje não me tocou qualquer música. Não me lembro de outra.
Nem todos os dias são bons dias para nos invadirmos de música. Nem todos os dias a música vem ter connosco.
Manter-se-á o Leonard.
Tudo está programado, excepto o pensamento e o peito…
…e enfim, mais um dia que se avizinha longo e lento, silencioso, de horas imensas e amenas.
Post Scriptum - Jã não é Leonard com a Take This Waltz.
8 comentários:
excelente post...tão bem escrito que vi os papeis em cima da mesa, senti o cheiro do mar e alcancei a linha do horizonte! Parabéns!
e boa sorte para a venda da ideia...mas tanto quanto percebo a sorte aqui não vai ser precisa! Sold!;)
Bolas! :D
Isso é que é optimismo e confiança. Uma gaja até fica com o ego inchado! Não me queres vir dizer umas coisas dessas todos os dias, assim de manhã, para sair mais confiante para o trabalho? :D
Olha que não sei se estás bem a ver os papeis… Se o carro parecia o ecoponto, a secretária parece, certamente, o papelão.
Vamos ver se é mesmo isto que querem.
e obrigada pela confiança ;)
não agradeças...acredita! ;)
beijinhos e um dia em cheio amanhã...mesmo que o sol não se veja...ele está lá!;)
bonito post sim...
e na vulgaridade está a simplicidade e ainda nesta última está o essencial.
E o q é o essencial?
é o q é invisível ao olhar, daí a fotografia.... é o saber vêr p além do q está ali á nossa frente...
é isso q é saber vêr, estar e viver!
e q grande compositor o q está hoje nesta casa!
e o engraçado , é q ainda anteontem postei exactamente sobre esta música,
bom trabalho,
sol, bjs
Lover
às vezes acreditar não é tudo :), principalmente qd o custo fala mais alto.
Não venho com o projecto todo mas venho com uma primeira fase e a promessa das seguintes para depois... já não é mau.
Falta-me agora paresentar os preços... a ver vamos.
Quanto ao sol... ao chegar a Lisboa chovia a potes. Valeu-me a ponte. Nunca encontrei tantos lugares de estacionamento disponiveis em plena Av. da Liberdade a uma sexta-feira a meio da manhã. Molhei-me pouco, com o carrinho à porta! O sol veio depois, já cá em cima (não há como a nossa casa).
Obrigada pelas palavras de encorajamento, piquena. :)
bjs
rv
eu sempre disse que a vida quere-se simples e que as coisas simples são as melhores, de longe... :)
já o essencial é cada vez menos visível, efectivamente... pena nem todos conseguirem perceber :)
bom fds
bjs
Bom dia :) não me agradeças...há que começar pela primeira fase...um passo e depois o outro...o projecto vai ser teu, e vais pagar uma ganda janta;)
pode ser no dia da pesca, a menina também quer ir experimentar a pesca; e se bem me lembro a Seretonina também...que tal marcarmos isto para final de Julho, inicio de Agosto e farnel na Praia?!
tem um bom dia :))
velho hábito, defeito, educação... obrigada é uma palavra do meu vocabulário, e usa-se tão pouco...
então quer dizer que já devo uma janta, uma lição de pesaca e ainda tenho de levar o farnel?
olhem lá do que vocês se lembraram... pesca.
Está bem. Seja. Final de Julho princípio de Agosto está bom. Devo estar de férias (embora existam vários sitios onde, por estarmos em época balnear, não se possa pescar).
Acho que vou é começar a treinar,começar a tirar a licenças, a arranjar os apetrechos, a olear os carretos e preparar as canas... :)
bom dia p ti tb.
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