Agora, apodrecer.
Nas ruas, no suor das mãos amigas dos amigos, na pele dos espelhos...
desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos...
...mas apodrecer.
Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo...
"como estás, estás bem?", o telefone não toca! devorador de astros...
... mas apodrecer.
Sim, apodrecer
de pé e mecânico,
a rolar pelo mundo
nesta bola de vidro,
já sem olhos para aguçar peitos
e o sol a nascer todos os dias
no emprego burocrático de dar razão aos relògios,
cada vez mais necessários para as certidões da morte exata,
Sim, apodrecer ...
"...as mãos, a còlera, o frio, as pálpebras, o cabelo
a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo...
... mas apodrecer!
Sujar estrelas.
José Gomes Ferreira
5 comentários:
gosto bastante de JGF, não conhecia este
(penso como ele....)
boa noite
É o limbo e um caminhar para um fim...
eu sei, conheço a sensação...
mas de repente tudo pode mudar, sabias? noutras alturas nem por isso e às vezes fazem-se asneiras
É verdade, eu sei que pode, sei que é preciso querer, não sei se quero, em suma, é/sou como o vento. Defeito de concepção no processo da constituição do embrião, de aprendizagem ou de casmurrice latente e crónica… não sei. Ainda tenho de averiguar :)
nem sempre é uma questão de só querer.. por vezes, infelizmente, é preciso ajuda. fala a experiência
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