terça-feira, 29 de abril de 2008

Robert e Shana ParkeHarrison, the crossing, 2005.

A minha vida é de inclusão, de metamorfose pela incorporação de todas as partes, de todos e tudo o que amo. Tenho-me preocupado tanto com os outros que me esqueci de mim, que me apago e consumo a tentar correr para todo o lado e para toda a gente. Como um equilibrista, que faz rodar sobre o tronco e a cabeça várias bolas, preocupado em manter cada uma delas a rodar, no ar, e em não deixar cair uma que seja.
Mas parece parecer nada disso.
Uma vez no ar as rodas não podem cair, até à saída, porque até uma saída estarão sempre dependentes de nós e há actos que não podemos executar sob pena de deixar cair tudo no chão.

Sempre tive a sensação, talvez falsa, de poder controlar tudo e poupar todos aos momentos maus, às angústias, ao sofrimento miudinho.
Para agradar e fazer os outros felizes vamo-nos muitas vezes apagando, cada vez mais. Para serenarmos os outros vamo-nos enterrando numa cortina de angustia e de apatia, de esquecimento de nós e da dor que sentimos, que a tudo mata e transforma em melancolia, que a tudo esgota e cansa, amargura.

Não há espaço para a partilha quando as nossas pequenas mágoas e dores, aos olhos dos outros, são patéticas, quando os nossos problemas não são problemas, quando precisávamos apenas e só que nos ouvissem, compreendessem, abraçassem e dissessem que tudo iria correr bem, ou não dissessem nada e nos olhassem apenas, com um olhar doce, ao invés de satirizarem.
Não há espaço para a partilha quando os outros duvidam da intensidade e grandeza do nosso amor e julgam o que sentimos pela frequência, pelo comprimento, pela medida visível. Não há espaço para a partilha quando o que dizemos e sentimos é desvalorizado, ridicularizado como se fossemos anormais, egocêntricos, egoístas, como se o nosso amor valesse sempre menos.

Quando tomei coragem para dizer o que realmente sentia, já que admito que escondi e não fui justa, ainda assim uma coragem dolorosa, receosa, quando tomava balanço para um passo maior que as minhas pernas, desligam-se-me os laços, passam-me uma borracha por cima e tudo se esfumou.
E assim sucumbi, à angustia, à solidão que foram estes caminhos tão próximos, paralelos, que não se encontraram.

23 comentários:

Gisela FFale disse...

para mim uma música mágica...quando parece que não há espaço para partilha e parece que tudo se esfumaça:)

http://www.youtube.com/watch?v=etmGLPXKlDg

para sentir bem dentro que vai ficar tudo bem...porque vai ficar tudo bem, isso eu sei! :)
uma boa noite:))

SARAH FRANCE disse...

I like it, great content...

Recuperação disse...

Bom dia menina Grafis!

Começo por dizer que esse comentário que tem a dizer "see please here" costuma ser virús. Tenha cuidado!

Agora, o que me troxe realmente aqui... o seu post.
Já fui pessoa de me dar muito às outras pessoas, ao ponto, de como diz, "preocupado tanto com os outros que me esqueci de mim, que me apago e consumo a tentar correr para todo o lado e para toda a gente".

A vida ensinou-me que o caminho não é esse, não tanto pelo que lhe aconteceu a si, mas pela minha necessidade cada vez mais urgente de ter tempo para mim, para as minhas coisas, que também são imprtantes para que haja um equilibrio na vida.

Pelo que vejo, parece-me que está bastante rodeada de pessoas um pouco egoistas, que não conseguem entender, que por pouco relevantes que os seus problemas sejam, são os seus, e são muito importantes para si.
Diria, desculpando-me a sinceridade, que devia procurar rodear-se de outras pessoas.

Tenha uma boa semana

GRAFIS disse...

lover
não que pior seja impossivel, mas acredito que a partir daqui só pode melhorar :)

recuperação
obrigada pelo "aviso à navegação". já lhes trato da saúde.

quer isso dizer que depende das necessidades... :) e se for uma necessidade minha que algumas pessoas estejam bem, para que eu tb esteja bem?

quanto às pessoas um pouco egoistas...não sei se será mesmo assim. acho que as pessoas são o que são e cada um saberá aquilo que verdadeiramente é e quer ser, assim como cada um sabe o lugar que os outros ocupam... isso faz com que nos sintamos mais ou menos incluídas... só isso :)

podemos deixar a terceira pessoa de lado?!

obrigada pela visita e pelas palavras reconfortantes.
bjs

GRAFIS disse...

sarah
almost delete you for thinking you were a virus…
thanks for your visit
you are a graphic designer… how appropriate… how about doing a friendship stamp to substitute that one above?
kiss

Gisela FFale disse...

Grafis...melhorar sempre:) já sabes quando te "sentires" vazia...tenta adivinhar o meu nome :p
então já arranjaste a little help to work on the stamp...aguardo noticias para distribuirmos mais uns selos, made by Grafis& company! :)

Anônimo disse...

"Acho que o segredo para lidar com as circunstancias menos favoráveis é aceitando-as, lidando com elas. Não podendo ter o óptimo, temos o possível. Podemos escolher fazer disso um problemas ou podemos aceitar isso como fazendo parte da nossa vida. (fev08)

GRAFIS disse...

eu escolhi não aceitar, não lidar, não ter o possivel.
algum problema?
nenhum.

GRAFIS disse...

lover... achas isso boa terapia... :s
achei que a césar o que é de césar e aproveitar os recursos... :)

Gisela FFale disse...

não, era só brincadeirinha:)
faz como eu...pinta, escreve... risca...até ponto de cruz..."engasgadinha" no vazio é que não, pela Santinha!...cheer up girl ;)

GRAFIS disse...

eu trabalho.
trabalho, trabalho, trabalho. de tal forma que agora nem sei como me livrar dele... embora... vou tirar estes dias e talvez me dedique ao ponto de cruz... :)
para mim não há melhor terapia e não há como compromissos destes para me focalizarem.
se o sol vier, melhor ainda. talvez vá à pesca.

serotonina disse...

mas chega uma altura em que as pessoas desejam que quem as rodeia sejam elas próprias, genuínas.
De que me serve ter uma pessoa que me faz as vontades todas ou que se esforça imenso para me ver feliz se essa pessoa está a ser tudo menos ela própria? O ajuste de duas personalidades sem se desvirtuarem é das coisas mais fantásticas que existem.

GRAFIS disse...

percebi isso, por fim.
às vezes levamos tempo a aprender, raras são as oportunidades para isso acontecer, ver com clareza e emendar a mão.

Gisela FFale disse...

ir à pesca...ora aí está uma coisa que nunca fiz, e deve ser uma boa terapia:) e não deve ser muito mais dificil que o ponto de cruz (pelo menos para mim) :)
bora lá à pesca?!

rv disse...

olha grafis estou de acordo c a serotonina p além de q os q nos rodeiam n vivem a nossa vida, de facto somos seres individuais e não egoistas como as pessoas gostam de confundir,

bjs

GRAFIS disse...

Lover
tu queres ir à pesca?!
olha que é é qq coisa com muita "nhanha", que envolve minhocas espetadas em anzóis ou outros iscos mais estranhos (larvas de mosca, por exemplo)chumbadas, engodos e lançamentos para bem dentro do mar... e com sorte desenfarpar peixe...

rv
talvez, talvez... :)

Gisela FFale disse...

nada como experimentar...ok, minhocada...dahh...mas eu tb não sou assim esquesita...(quero ir para África, remember??!

GRAFIS disse...

mas ir à pesca não é a mesma coisa que participar num safari... :D

então qd for à pesca eu aviso. as condições do mar tb têm de ajudar, caso contrário lá terá de servir o ponto cruz...

Gisela FFale disse...

:) pois imagino que não seja como ir a um safari...na pesca as "minhocas" são mais pequenas :))
e os leões marinho também...
mas será um desafio...
pode ser que eu até esteja à altura desse...já o ponto cruz, é só mesmo terapia, não mostro a ninguém :P

serotonina disse...

Até gostava de ir convosco à pesca mas não sei se seria capaz de espetar as minhocas. sou toda pela bicharada!

GRAFIS disse...

lover
quem sabe?!
a outra condição essencial é a paciência...

serotonina
lol
minhocas, e pelos peixes tb, imagino... :)
podes sempre usar as amostras de plástico e fazer para não pescar peixe nunhum. assim, só pelo exercicio da coisa :D

estou a ver que tenho de organizar um "meeting" para a pesca :)

Gisela FFale disse...

isso era giro, Serotonina, irmos à Pesca só em jeito de terapia e convívio...:))
organiza lá isso nestes 4 dias cheios de tempo:) regresso de viagem a 18!

GRAFIS disse...

prontos... já me estão a meter em trabalhos...
uma gaija não pode tirar quatro dias de férias que logo aparece alguém a querer que organize mais alguma coisa... :)
o máximo que poderei organizar nestes próximos 4 dias são pescarias no prato e sem mt logística.
Assim de repente não tenho o equipamento a jeito e não encomendei isco. não vi ainda o estado do mar … (desculpas, pronto)
estou mais a pensar em quatro dias a vegetar, se possível, na praia ou numa esplanada (a primeira metade foi a dormir mesmo)
mas eu organizo, mais tarde.
então boa viagem...
Barcelona. bem bom. eu qd vou para fora a trabalho nunca me calham mais que três quatro dias... o máximo que me calharam foram 10 e há 8 anos (no tempo das vacas gordas, entenda-se)...
boa viagem. aproveita bem.
Bjs