Queria falar sobre a metamorfose, sobre a mudança mais ou menos profunda, sobre os pontos que se marcam e se espera ultrapassar, sobre o como julgava poder ter, enfim, algum descanso e satisfação uma vez ultrapassados, uma vez realizada a mudança que nos haveria de conduzir a uma metamorfose interior, derradeira e plena de sentidos.
Pontos marcados no horizonte dos dias que anda estão para vir, e um a um, vamos picando, ultrapassando.
Hoje uma amiga falava-me sobre a mudança vertiginosa da minha vida nos últimos meses, mas a mudança há anos que corre, embora algumas vezes vagarosamente. Agora, porém, nota-se mais, pois foi repentina, em vários aspectos.
Por um lado, o resultado de uma espera paciente, desesperante e angustiante, mas que me ensinou a ser perseverante, solidária e honesta, comigo e com os outros, e acima de tudo a ter Fé e a caminhar orientando-me através dos princípios em que acredito. Perdi muita coisa pelo caminho, pois perdem-se sempre coisas quando caminhamos, mas ganham-se outras, e sem querer equilibrar as coisas, pois não se comparam as que perdi às que ganhei, sinto-me triste, mas aliviada e um pouco feliz ao mesmo tempo, por ter chegado ao fim, e ter feito o que estava correcto.
Por outro lado o reconhecimento e a oportunidade de fazer algo que sempre quis, ambicionei, embora não esteja propriamente feliz como imaginaria estar. Acho que estou serena e equilibradamente pronta para mais um desafio, mas não estou eufórica.
Assim, a metamorfose, essa, não sei bem onde está, embora eu comece a chegar à conclusão que, de facto, não sou de grandes euforias e paixões, que tudo em mim acontece de facto com serenidade e segurança, e que os picos de emoções que potenciam uma verdadeira sensação de mudança não acontecem.