segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Eu e Tu

Dois! Eu e Tu, num ser indispensável! Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo, — em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia...

Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho
[e a selva
— O vento erguendo a vaga, o luar doirando a
[noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva —
Cheio de ti, meu ser de eflúvios impregnou-te!

Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
— Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,

Como partes dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama...

António Feijó, in 'Sol de Inverno'


4 comentários:

Anônimo disse...

A "nós"!

Amo-te

Always disse...

Minha querida GRAFIS, gostava de te dizer, relativamente ao teu post de 18 FEV, que percebo cada palavra tu nele escrita e o 'vazio que passa por entre o corpo' que nos fica quando nem tivémos tempo de um momento.

Eu fui assassinada duas vezes pela mesma pessoa e já devia estar habituada e não estou... Tenho saudades mas nem isso lhe posso dizer - não ouve nem lê...

Um abraço apertado e compreensivo.
Fica bem, havemos de sobreviver! :)

GRAFIS disse...

A vida prega-nos “partidas”…
Para mim a “partida” foi definitiva. Todos havemos de fazer esta grande viagem no fim do tempo que nos é dado. É difícil não poder ver, falar, abraçar, beijar nunca mais quem nos partiu.
Para ti, julguei que não fosse haver mais “partidas”. Lamento...
Um abraço forte piquena.
BJ GR

Always disse...

Lamento profundamente a noticia. É triste, muito porque é irremediável, definitiva em estado pleno. Desculpa não ter entendido a gravidade da tua perda.
Aqui te deixo um forte abraço!

PS - A minha perda tem o pesar de uma partida definitiva como se de morte se tratasse. A auséncia e o silêncio que me ficaram em tudo se lhes assemelha.